domingo, julho 11, 2004

Amor, Corpo e Alma: uma reflexão

Pode-se achar que a exaltação à sensualidade corporal de nossos dias está ralacionada com uma super valorização do corpo, de fato, ocorre justamente o contrário!

Quando se utiliza o corpo com uma fonte de prazer sensual, separando corpo e alma, nega-se a dignidade que tem o corpo de ser a expressão material de uma pessoa humana. Coisifica-se o que é visível no indivíduo.

Na busca pela realização pessoal, acho eu, o primeiro passo deve ser alcançar o dom de si com a ajuda de Deus, ou seja, a integridade do corpo e da alma juntamente com a soberania --não despótica, mas política-- do espírito sobre o sensual (se os papeis se invertem tem-se na prática o que chamamos de tirania). Em poucas palavras, deve-se alcançar primeiro a liberdade do ser.

Nesta mesma busca, o amor, que se alimenta e se exprime no encontro do homem e da mulher, é dom de Deus, dessa forma, fica fácil entender que a banalizada expressão fazer amor terá seu significado supremo se a relação sexual for a continuação no corpo do que se realiza na vida como um todo, ou seja, a entrega de si mesmo --por amor--.

Amar uma pessoa é um ato da vontade de um espírito livre, é querer a plenitude do Bem da pessoa amada, querer tão realmente como se quereria a si mesmo -não se confunde com sentimento- e se é um querer real implica um doar-se pelo que se quer, assim, amor e entrega de si mesmo caminham juntos.

Amor implica também em crescer do "TU", logo uma diminuição relativa do "EU" diante do "TU"(considerando o "EU" de tamanho fixo ehehehe).

Assim, toda relação sexual cuja a motivação seja primordialmente o alimentar da sede do "EU" não se pode encaixar na expressão fazer amor por duas razões: não é um doar-se e sim um tomar-se; é direcionado exclusivamente ao crescer do "EU".

Contudo, a sede do "EU" é sede de amor --paradoxal isso!?-- e o que a pessoa procura também na intimidade sexual, mesmo que não perceba muitas vezes, é amor.

Um dolorozo vazio costuma crescer na alma justamente quando invertemos a ordem natural e esperamos o amor como fruto do prazer sexual, quando em verdade, ele deve ser a raiz --quiça de tudo--.

Ainda sobre o amor: quando se diz um "eu te amo" está implícito aí um "para sempre", caso contrário esquisitices como um "eu te amo até abril do ano que vem" ou "eu te amo esse fim de semana" seriam mais do que uma estúpida degeneração da língua portuguesa.
Sintetizando, trancrevo um pequeno trecho de um texto que considero uma pérola (o título deste post é link para o texto completo):

O ser humano, com efeito, é chamado ao amor como espírito encarnado, isto é, alma e corpo na unidade da pessoa. O amor humano abarca também o corpo e o corpo exprime também o amor espiritual. A sexualidade, portanto, não é qualquer coisa de puramente biológico, mas refere-se antes ao núcleo íntimo da pessoa. O uso da sexualidade como doação física tem a sua verdade e atinge o seu pleno significado quando é expressão da doação pessoal do homem e da mulher até à morte.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Ainda sobre a dignidade do corpo:

Se soubesses o que vales!... É São Paulo quem te diz: foste comprado "pretio magno" - por alto preço.

E depois continua: "Glorificate et portate Deum in corpore vestro" - glorifica a Deus e traze-O em teu corpo.
São Josemaria

11 de julho de 2004 às 23:45  

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