Amigos,
Tenho participado de muitos fóruns de discussão, com católicos e com não-católicos, a respeito de muitos assuntos. Em toda parte vejo o tamanho da miopia com que o homem moderno enxerga o mundo e seu Criador. Citar exemplos da loucura que tomou conta do homem infelizmente tornou-se tarefa fácil, com torres gêmeas e escolas russas explodindo em sangue, sacerdotes sendo torturados e mortos em tanta parte, a vida humana mais e mais desvalorizada num gritante paradoxo com esta época dita humanista.
Neste 11 de setembro, meu amigo o professor Ruy Maia Freitas, em seu blog
Despoina Damale, escreveu um post lúcido e tristonho, como só poderia ser tristonho um post de uma pessoa lúcida em tempos como este. Eis um trecho: "A lógica de DEUS é diferente da lógica humana. Isso passa despercebido inclusive para muitos católicos exaltados que não prestam a necessária atenção a uma realidade da narrativa evangélica. Nosso Senhor ressuscita, porém não vai ao encontro dos fariseus, dos doutores da Lei e dos soldados romanos para lhes dizer em tom desafiador: 'vejam, eu estou aqui, vivo e poderoso'. O estilo do nosso Mestre é outro, bem diferente do nosso. "
Meu também muito querido amigo, o compositor e escritor Alfredo Vota, em seu blog
O Imperador da Svolonésia, presenteou-nos no dia sete de setembro com um post maravilhosamente lírico e contemplativo, entitulado
Molhar-se. Vale a pena copiar aqui um trecho: "Escutei cantar o pássaro que dizem chamar a chuva, e tenho certeza de que ele chama a chuva tanto quanto, foi-me revelado uma vez há uns anos, o balanço das árvores faz ventar. As árvores do cemitério estavam fazendo ventar ali àquela hora, e o pássaro estava começando a chamar a chuva. A julgar por onde estavam as nuvens mais escuras, não fazia ainda muito tempo que ele estava pedindo à água que viesse, e eu certamente teria mais tempo para andar sem me molhar. E eu até gostaria, molhar-se é bom. Mas eu tinha a tarde inteira, e a bem da verdade eu sempre tenho a tarde inteira, eu tenho todo o tempo do mundo; ainda bem que eu o sei. Se todos se dessem conta disto seria uma maravilha, uma maravilha mesmo, e o único passo que faltaria seria perceber que não há tempo a perder."
Ao ler estes dois posts, e tendo o impulso de me posicionar diante deles, e de expressar o que me fizeram sentir, tentei escrever um texto, mas o que saiu foi uma oração. Transcrevo abaixo, para que a rezemos juntos, pedindo a Deus que nos absolva e socorra nestes tempos escuros:
Senhor,
Tu sabes das dores e das perplexidades dos homens. Sabes melhor que todos a nossa capacidade de espalhar a dor e a tragédia. Cada pequeno e grande sofrimento neste vale de lágrimas chega inteiro e claro em sua tristeza até o teu Sagrado Coração. Nem tenho como imaginar, Senhor, o quanto isto fere teu Coração.
O MEU coração hoje, Senhor, contraiu-se todo de dor ao pensar nas centenas de anos em que os homens têm se afastado rapidamente de tua proteção, e nos resultados deste afastamento. Que podemos nós longe de nosso Mestre? Podemos matar e ferir, e sofrer. E é isto que vemos em toda parte, e é isso que a maioria dos homens manda a ti como oferenda macabra.
No entanto, Senhor, olha os frutos silenciosos de teu Amor nos pequenos trabalhos daqueles que ainda honram Teu Nome. Veja a lucidez cheia de caridade de teu servo Ruy, veja a límpida beleza da alma de teu servo Alfredo Votta, veja os ombros curvados deste santo homem que puzeste na cadeira de Pedro, e que carrega uma cruz pesada em teu nome e por tua causa.
Veja o idealismo inocente de tantos jovens que estão buscando a volta à Igreja. Veja o jovem
Carlos Eduardo Chies, na sua busca pela virtude. Veja este nosso Concilium. Somos pequenos, Senhor, entramos em uma nova e moderna catacumba, mas teu Espírito ainda age silenciosamente entre nós. E por isto dou graças.
Peço que olheis as nossas pequenas obras, Senhor, e não os grandes erros de nossa geração. E agradeço, meu Senhor, por generosamente ter-me concedido a graça de entrar nestes tempos escuros na compania de intelectos tão brilhantes e almas tão límpidas.
Amém.
